quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Respeito - Poderosa arma quando usada pro bem.


Eternos Cachorrões – ATENÇÃO!
(Essa é pra vocês!)

Respeito - Poderosa arma quando usada pro bem.

Servi sete anos na tradicional 1ª Companhia de Guardas e, como muitos, prestar o serviço militar no Exército me fez um bem incrível. Servir na 1ª Companhia de Guardas foi perfeito!
O Exército foi capaz de mostrar-me perfeitamente como desconhecidos, em pouco tempo, podem -e tornam-se, grandes amigos, de sangue, de se entender no olhar, enfim, tornam-se irmãos.
Quem serve leva consigo, por toda a vida, a farda na pele e a caserna na alma.
A 1ª Companhia de Guardas, na minha vida, foi um marco. Um norte a seguir. Tentei seguir da melhor forma que pude e, se não fui tão bem, acredito que não fiz mal a ninguém e não lembro de ter deixado irmãos na mão.
Dias atrás recebi um convite para participar da solenidade do compromisso ao Pavilhão Nacional dos soldados efetivo variável que, na gíria militar, chamamos de recrutas (mas quando se é um recruta, como um dia fui, odeia-se esta palavra com todas as forças).
Hoje, 28 de agosto de 2013, 15 horas, lá estava eu à entrada do portão das armas. De longe, ao avistar a Bandeira Nacional tremulando e a insígnia do comandante hasteada, de imediato passou um filme em minha mente. Vários filmes passaram. Saudade? Com certeza! Uma nostalgia intensa tomou conta de minhas memórias e me fez esquecer quem era, a roupa que estava, calçado, tudo e só pensava, só lembrava de quando eu corria naquele pátio, quando eu marchava, pegava o fuzil pra entrar na hora, vibrava tentando ensinar algo que, um dia, outros me ensinaram, enfim... logo uma certeza pousou leve em meu ombro e sussurrou ao meu ouvido, fazendo meu pensamento voar longe: quando servimos o Exército com a alma, somos obrigados a sair da farda mas a farda não sai de nós.
Fui muito bem recepcionado pelos militares que -orgulhosos e vibrantes- ostentavam o braçal & alamar que um dia eu ostentei orgulhoso.
De fato, servir na Companhia é um privilégio para poucos. Algo histórico pois ao conquistarmos o braçal passamos a fazer parte de um seleto grupo, uma família que mesmo após anos, décadas, lembra -rigorosa e detalhadamente- de cada detalhe dos tempos de caserna. Não é por acaso que a farda deixa nosso corpo mas a nunca abandona nossa alma.
Como meus pais se separaram quando tinha 8 anos de idade, minha primeira grande referência de dever, atitudes de homem, camaradagem, enfim, irmandade, caráter, exemplos -não apenas teóricos, mas principalmente práticos- vieram do Exército, vieram da 1ª Companhia de Guardas.
Ao pisar no pátio que tanto pisei outras vezes, me sentia ao mesmo tempo pisando em casa mas com um dever de representar meus ex-colegas Cachorrões e fazer do modo que me foi ensinado: “simples, como coisa de soldado!”
Muitos nomes deveriam ser citados aqui e desde já peço desculpas por não lembrar de tantos que tão bem me acolheram neste retorno à aquela que, um dia, foi minha casa. Todavia, como os militares gostam de dizer, “é dever de justiça” citar o nome de uma pessoa que, tendo o posto mais alto da nossa 1ª Cia Gd, me tratou como todos os Cachorrões gostariam de ser tratados, com todo o respeito, atenção e dignidade possível! Muito obrigado, Maj. Inf. Edson AITA! Tenham todos a certeza que a 1ª Cia Gd, hoje, é uma casa de portas abertas a todos que lá serviram, independente de posto, graduação ou época.
Surpreendam-se!
Hoje pude dar um abraço no sr. Antônio que, por sete anos, cortou meu cabelo (-"Corta só o pezinho, sr. Antônio!" rsrsrs). Grande ser humano de estatura mediana pra baixa mas de coração e sorriso do tamanho do mundo!
Por fim, gostaria de deixar registrado para todos os amigos, todos os irmãos da 1ª Companhia de Guardas que hoje, senhores, um simples ex-soldado e Eterno Cachorrão foi tratado como poucas vezes lembro de ter visto, presenciado. Hoje, senhores, o Major Aita mostrou – com atitudes- o que tantas pessoas tentaram convencer apenas com palavras. Tenham a certeza que, enquanto o comando da Companhia estiver nas mãos do Major Aita, quem resolver visitar o quartel será tratado com todo o respeito e dignidade que a caserna nos ensina.
Oficiais e sargentos (temporários ou não), cabos e soldados que servem e/ou serviram na gloriosa e tradicional 1ª Companhia de Guardas, hoje posso lhes afirmar com veemência: Com toda a sinceridade, hoje termino o dia com o sentimento de alívio, na verdade, ainda toma conta de mim este verdadeiro turbilhão de sentimentos que vive em minha mente, corpo e alma desde que ouvi pela primeira vez: -”Tu irá servir na 1ª Companhia de Guardas, no Bairro Santana! Bem vindo à Infantaria!” e,m mesmo sem entender muito o que aquilo significava, mudou minha vida por completo.
Hoje o respeito ao próximo foi usado com toda a sabedoria e consideração. Não me senti o único ex-soldado presente pois certamente outros ali estavam, mas me senti como se representando estivesse todos os ex-soldados. Ali em cima do palanque, junto ao comandante, pude ver o “sangue nos olhos” de cada soldado e lhes digo, senhores, de honra, vibração e vontade, estamos -todos- muito bem representados!
Hoje em dia trabalho no Grêmio Geraldo Santana e, em parte, fui representando meu serviço. Porém, mesmo que à formatura eu fosse representando o Clube, mesmo com uma garrafa de vinho -simples lembrança levada- por baixo da minha roupa civil eu estava com a alma fardada!
Respeito às tradições.
Respeito aos homens que suaram, que sangraram e honraram, assim, nosso braçal.
Respeito a aqueles que construíram toda a história do nosso quartel.
Respeitado. Assim hoje me senti e comigo, em pensamento, estavam meus colegas, aqueles que me ensinaram, aqueles que aprendi junto e aqueles que pude -um pouco- passar algo.
Hoje me senti, mais uma vez, soldado.
Hoje, amigos, todo Cachorrão pode sentir-se valorizado!
Obrigado a todos os integrantes da 1ª Companhia de Guardas.
Onde há paixão pelas tradições e respeito pelas pessoas o sucesso é apenas consequência.
Ao Major Aita e todos os Cachorrões que tão bem souberam receber os visitantes e ex-integrantes, em nome dos ex-integrantes da 1ª Cia Gd, agradeço aos senhores!
Muito obrigado!

A T E N Ç Ã O :
"CACHORRÕES EM FORMA!"
Vem aí o maior encontro de todos os tempos dos
Eternos Cachorrões!!!
Aguardem!
Breve maiores informações!!!


“A Guarda morre mas não se rende! Quem é de Guarda, sempre será de Guarda!”


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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Apenas um conto de ficção... ou não.


Apenas um conto de ficção... ou não.
 
“E de antemão lhes digo: esta história tem personagens reais,
lições mais reais ainda mas de fato
este conto tem overdoses de ficção.... ou não.”

    Frio.
    Muito frio.
    Mal sinto o pé direito dentro do coturno, que está 3 vezes mais pesado que o normal, por conta da água, do barro que nele se aloja, assim como o barro que, de tanto rastejar por metros e metros, se acumula dentro da 'bombacha' de minha calça. Sim, da 'bombacha' da calça que, nada mais é do que um elástico reforçado na altura do tornozelo que serve pra colocar a parte inferior da calça pra dentro e então dar a aparência arredondada na calça em relação ao coturno. A calça, esta nem deve estar mais camuflada, mas certamente embarrada. Irreconhecível. Não irreconhecível para os Infantes. Já diz a canção de corrida que “Infante sem poeira é transgressão disciplinar!” portanto, barro e poeira quase fazem parte do uniforme de quem é de Infantaria. Fardamento e apresentação impecáveis no quartel, mas no campo, na missão... cara no chão e barro na farda!
    O armamento está limpo, livre de barro e assim espero que fique pois, precisarei dele a qualquer momento e prefiro que ele funcione senão, estes pensamentos sumirão de repente, sem aviso algum, por motivos óbvios.
    A camuflagem de meu rosto era verde e preta (no mesmo padrão que aprendi ainda recruta na instrução do período básico, largura de dois dedos, na diagonal de cima pra baixo e da esquerda para a direita... saudade das instruções daquele tempo!) mas, o barro tomou conta de mim.     Sinceramente, acho que o barro gelado que me faz tremer está esfriando minhas esperanças de sair vivo deste lugar que rastejo sem, a lugar algum, chegar.
Acredito que minha esquadra pensa o mesmo. Todavia nenhum de nós pode falar. Apenas pensar baixo e bem baixo pra que nenhum dos outros três possa escutar.
Minha unidade é uma companhia de elite no estado, uma das melhores do Exército inteiro. Usamos um braçal que nos diferencia de outras unidades. Claro, estamos observando a disciplina de luzes e ruídos onde o principal objetivo é “ver sem ser visto” e "ouvir sem sermos notados" portanto, estamos sem nosso braçal preto com as letras brancas.
    Nossa companhia é formada por quatro pelotões - 1º Pelotão (Águia), 2º Pelotão (Pantera), 3º Pelotão (Escorpião), 4ºPelotão (Caveira) - e a seção de comando. Cada pelotão, por sua vez, é formado de quatro “G.C.'s” e um “Grupo de comando”. Cada G.C. (Grupo de Combate) é formado por um terceiro sargento, um cabo e oito soldados. Estes oito soldados se dividem em duas esquadras, formadas -cada- por quatro soldados com especialidades diferentes.
Somos “Caveiras”. Ao menos entrei no Exército sendo um Caveira e conquistando o Troféu Bronze     Eficiência, uma espécie de olimpíada interna dividida em provas esportivas e provas militares.
    É uma tradição encerrar uma discussão entre cabos e soldados com uma afirmação/pergunta: -”Eu fui campeão do 'Bronze' no meu ano e tu?”
    Bem, o Vinícius era um quase recruta. Um cara que chamávamos na Cia de “NV” (já que o recruta, soldado que presta o primeiro ano de Exército é chamado de “EV” - “Efetivo Variável” e o soldado antigo é chamado de “NB” - “Núcleo Base”. Ou seja, um soldado recém-engajado, recém-transformado em NB é tratado por mais um tempo (semanas, meses ou anos... só depende dele mesmo) como recruta quando este está entre outros soldados mais antigos. Não por maldade pois este já aprendeu a ser soldado, mas ainda falta mostrar e ensinar que a graduação é a mesma mas a experiência faz toda a diferença nas atitudes e as vezes até mesmo no caráter. Tratávamos esse cara, mais moderno da esquadra, como o irmão mais novo e, ao mesmo tempo que cuidávamos dele e ensinávamos -cada um a seu modo- o que o Exército e a vida na caserna já nos tinha ensinado, puxávamos sua orelha a todo instante pois tinha a mania de querer nos ensinar e se comparar a nós em experiência... bem, lidar com soldados antigos pode ser muito tranquilo ou o pior pesadelo de um homem, a escolha é dele mesmo.
    O Marques era o humorista de plantão. Era o cara que ria quando os outros estavam querendo matar alguém de raiva! Era o elemento que imitava, fazia vozes, arrancava gargalhadas. Era o cara que, num minuto estava sentado ouvindo e falando sobre assuntos sérios e, no minuto seguinte, dava um pulo pra cima da mesa do tenente médico, bem sério e então dançava, fazia coreografias e cantava paródias de todos os tipos de músicas. O Marques é um sarro! Enfermeiro militar, ele apavorava os recrutas que apareciam na enfermaria com cara de choro, aqueles que vinham pro quartel bem, sem frescuras mas, ao passar pelo portão das armas (entrada principal de um quartel; portão principal), começavam a mancar, dizer que estavam com dor, etc... bah, o Marques tinha um faro infalível pra golpes, de todos os tipos. Personalidade forte, ele tinha umas atitudes completamente ogras. Sempre direto e sem rodeios, o cara era capaz de “vaiar” um primeiro-sargento ou até mesmo um oficial olhando no olho sem pestanejar e depois que cismava com algo, era uma mula empacada, nada nem ninguém o faziam mudar de opinião, nem mesmo simplesmente rever os conceitos que ele tinha. Parceirão de todas as horas, era um cara muito arriado mas que desembocava muito, sabia um pouco de tudo e era o faz tudo da esquadra.
    O Lucero era o mais cabeça e experiente da esquadra. Tinha feito curso de cabo e era um ano mais antigo que eu e o Marques. Era o cara zen da esquadra, o líder que todos queriam mas apenas nossa esquadra tinha. De bom humor, inteligente, liderança nata, intrínseca e sem forçar, o cara conquistou a liderança da esquadra, se transformou em um dos líderes do pelotão inteiro, uma referência e de forma natural, apenas com ações e atitudes que fazia com que todos o admirassem, todos o respeitassem e todos aprendessem muito com ele, não apenas sobre Exército, Infantaria mas -principalmente- sobre vida! Ele guiou brilhantemente nossa esquadra em campo e no quartel era muito “relax”. O tipo de cara que se vê longe e fazemos questão de ir ao encontro pra cumprimentar e apertar a mão só pra nos sentirmos melhor e, em um bate papo de 5 minutos, sairmos da conversa nos sentindo mais sábios militar e espiritualmente, além de sorrindo. Se tive muitos colegas, incontáveis, centenas, posso afirmar que amigos tive poucos e irmãos menos ainda. Se fechar minha mão não abro toda ao contar quantos irmãos a caserna me deu. O Lucero, sem sombra de dúvidas, é um deles, assim como o Marques, o Skerscki e o Moreto.
    Esta missão começou quando estávamos no quartel, cada um em um canto diferente quando o corneteiro tocou “formatura acelerado”, toque que significa “pare tudo que está fazendo -imediatamente- e venha já para o pátio de formatura, como está!
    Em cerca de dois minutos todos estavam no pátio central de formatura e, lá chegando, encontramos o comandante da companhia que estava sério, um tanto quanto apreensivo com aquela expressão de quem acabara de tomar uma decisão importante.
    Logo ele explicou que dividiria a companhia em 3 grupamentos: alfa, bravo e charlie, como de costume no Exército, usa-se estas nomenclaturas para “A”, “B” e “C”.
    O comandante liberou o grupamento Alfa, deixou o bravo de sobreaviso, o bravo em prontidão e o charlie foi pra sala de instruções.
    Ao chegar na sala de instruções, o charlie foi desmembrado e restaram 4 esquadras.
    Sim, sortudo como sou, a minha esquadra era uma das escolhidas. Mas cá entre nós, eu adorava aquela adrenalina de estar envolvido em uma missão, aquele pensamento mirabolante de tentar imaginar o que estar por vir é algo de outro mundo, sem explicação.
    O major explica a missão e pergunta se há dúvidas. Vem aquele temido silêncio. O silêncio que parece ter um abismo à nossa frente e o corpo inclinar, quase caindo o silêncio é quebrado com a primeira pergunta e o abismo some. Logo mais perguntas surgem e parece que, a cada resposta firme do comandante, a missão toma conta de nossos corpos, mentes e imaginações, cada um do seu jeito.
    Somos liberados e vamos pra casa, tendo que nos apresentar na mesma noite, até 23hs todos no quartel. Nem todos vão pra casa e não sei ao certo pois cada um recebe a notícia de uma missão “fûba” do jeito que assimila melhor, que menos altera o bom funcionamento dos músculos, da mente e principalmente da alma. Bem, pensando o que significa “fûba”? Eu ajudo: seria uma missão complicada, mas bem chata e bem complicada mesmo... difícil; por vezes, sem volta. Quando uma missão dessas é “paga”, os militares se olham e, cada um do seu jeito bradam: fûba...
é engraçado pois, chegar em casa deveria ser um conforto, um alívio encontrar a família, os entes queridos, os amigos, enfim, ver os sorrisos que deveriam dar força para cumprir a missão e voltar logo só faz com que a saudade comece mais cedo. É mais complicado se paro pra pensar no que muitos dizem, sobre milico não fazer nada, não prestar pra nada. A ignorância, em certos casos, é um dom. Queria ser ignorante sob certos assuntos que tenho experiência. Certamente sofreria menos, bem menos mas, não seria o homem que sou hoje, não teria sido moldado da mesma forma. Como cantamos nas corridas “É no fogo bem mais quente que se forja o aço bom!”.
    Saio do banho e preparo minha mochila, meus kits. Coloca a foto da minha família na carteira e a saudade já bate forte. A incerteza sobre o retorno bate. O medo bate mas por um lado é bom, pois a experiência me ensinou que confiança demais é péssimo e só atrapalha. O medo nos injeta adrenalina e nos deixa ligados. Enfim, a saudade bate, incerteza e medo também... todos batem sem dó e machucam onde mais dói: na alma.
    Sinto falta do lar sem mesmo ter partido. Paro por um instante pra pensar o quanto sinto a distância de casa e logo a resposta volta com mais força, como se jogasse um bumerangue e ele voltasse 3, 4 vezes mais rápido, mais forte e me diz: “A distância é minha casa!”. Então o peito se enche de tudo que preciso no momento: coragem, atitude... fazer!
Parto e já não sou mais filho, nem tio. Não sou mais parente, não sou nada mais além de soldado.     Sinônimo de soldado deriva do italiano "soldato" (participio do verbo “soldare”) – alguém a quem se pagou o "soldo" para servir. "Soldo" deriva do latim "solidum nummum" e designava uma moeda de ouro da Roma imperial. Isso tudo é teoria e com milico, amigo é teoria seguido de prática! Assim as coisas funcionam e são gravadas no espírito do guerreiro de forma que nunca mais na vida ele esquece. Simples como coisa de soldado. Essa definição toda é teria demais então, permita-me resumir soldado em uma palavra, por experiência própria. Soldado significa “doação”!
    Doamos nossos melhores anos de vidas à Pátria que nascemos e amamos, se precisar, sem pensar duas vezes, morremos por ela, pelo colega ao lado. Nos doamos assim, simples assim mas intenso demais. Inexplicável. Seria loucura se fosse sem sentido mas pra nós, não apenas faz sentido como é um código de honra que juramos com a mão, o braço erguido e principalmente, juramos a nós mesmo com a alma.     Doamos nossas vidas, doamos o tempo que nossas famílias e amigos teriam ao nosso lado mas doamos, somos assim... somos soldados.
    Muitos reconhecem nosso valor apenas quando um soldado morre, quando parte pra eternidade e então o soldado descansa e só assim um soldado descansa. E são reconhecidos apenas na morte pois os mortos recebem mais flores que os vivos porque o remorso é maior que a gratidão.
    Nos encontramos no quartel. Minha esquadra está no alojamento e cada um ajuda o outro, seja com uma conversa de breves minutos, seja na amarração do coturno, na preparação da mochila. Evitamos falar em família, amigos, tudo que possa nos desviar o foco. Soldado é preparado pro pior e resistir o que você nem imagina mas cada um tem seu ponto fraco e, via de regra, o ponto comum a todos se chama família.
    Mandam nos chamar. Ordem de marcha, amigos. Isso significa que devemos equipar, armar e embarcar na viatura. A partida é iminente.
    Por mais certo que seja a partida, o cumprimento da missão, sempre resta um fio de esperança no comando de “última forma”, para que possamos descer, desequipar, entregar o armamento e voltarmos à nossa rotina mas é tarde demais. Partimos.
    Madrugada, tudo escuro, estamos na viatura e não enxergamos um palmo à nossa frente mas é incrível como minha esquadra tem o poder de sempre sorrir mesmo sob as situações mais adversas. Marques... sempre ele. Doido e varrido. Sempre com uma imitação, sons estranhos e arriado que só.
    Exatamente quando passava na minha mente que era uma das piores missões e fazia força pra lembrar das piores, fico em dúvida e a natureza trata de acabar com qualquer dúvida que possa ainda pairar sobre minha cabeça: além do vento gelado a chuva nos brinda e o marques, como não poderia deixar de ser, solta um famoso poema militar: -”O que é um peid... pra quem está todo cagad....?!?!?!?”     Gargalhadas contidas no ar... um esperando o outro sorrir. Todos sabem que ao menor sinal da primeira gargalhada, todos irão rir mais que devem... que se dane! Caímos na gargalhada e começa uma conversa sussurrando sobre a missão. Revemos nossos métodos, testamos as lanternas, bússolas e, mais uma vez, conferimos a sincronia dos relógios.
    Quando tudo está checado, temos 3 segundos de silêncio e quando ía começar uma oração mentalmente, ouço uma pergunta ao mais moderno da esquadra, o zangado Vinícius é indagado: “Vinícius, não veio com aquele teu fio dental vermelho, cero? Te disse que gosto mais quando tu usa o de oncinha...”     Bem, a esta altura do campeonato, meu caro, te dou três alternativas pra adivinhar quem perguntou isso ao zangado: a) Pato Donald, b) Chuck Norris ou c) Marques... pois é... como se faz pra segurar o riso? Impossível.
    O tenente nos avisa que falta cinco minutos pro desembarque e, como combinado, seguiremos a pé à beira do caminho.
    O Lucero pede atenção. Líder nato, não precisava nem pedir. Todos respeitamos ele e, em dois segundos a esquadra fica séria e volta todas as atenções ao nosso E3 (chefe de esquadra). Todos estão sérios e calados. Ouvimos o Lucero com atenção. Ele repassa nossos próximos passos, nos orienta, motiva, ora conosco e ao término da rápida oração, talvez a mais importante de nossas vidas, como que combinado a ordem vem da cabine: “Desembarcar! Que deus os acompanhe!”
Saltamos. Um a um ganhamos o chão, invadimos o terreno e tomamos conta do que é de poder da Infantaria. Se Deus deu a terra, o planeta aos homens, o chão, o pó, o barro, a poeira e tudo que se possa correr e rastejar pertence aos infantes! Assim cremos, assim agimos!
    A cada passo nos sentimos mais confiantes e esse sentimento de tomar conta do que é nosso invade corpos e mentes. Seguimos pela estrada em um passo acelerado, nem tão rápido pra correr, nem tão lento pra caminhar mas firme, constante. Seguimos e, na fraca luz da lua que nos ilumina, junto com a chuva que nos acompanha firme e forte na missão, o Lucero gesticula com o comando de “coluna pro um”. Lá se vão as colunas de segurança que nos permite sentir mais protegidos. Seguimos um logo atrás do outro sem enxergar quase nada, apenas lama e a cada mato que meus braços empurram pro lado, parece que, além do caminho, sou presenteado com uma rajada de vento gelado, quase um tapa no rosto.
    Ouvimos um barulho à nossa direita e logo o Vinícius emite um “rope”, sussurrando. De imediato nos jogamos de cara na lama, nos escondendo o máximo possível em meio ao matagal alto e, quando estávamos quase levantando, dois homens com cachorros passam pela estrada que estávamos seguindo até 100 metros atrás. Bem, aí está a diferença entre um líder nato que sabe a hora de sair da estrada e seguir pelo mato para não sermos descobertos. Salvos pelo Lucero, que nos tirou da estrada na hora certa. Salvos pela chuva que acabou com nossos rastros e cheiros que os cães, caso não houvesse chuva, facilmente perceberiam.
    Por uns 30 metros seguimos rastejando pois aqueles homens, além de perigo iminente, significavam que estávamos próximos de algo importante que, mesmo com chuva, frio, lamaçal, havia dois caras patrulhando a área no meio da madrugada.
    Não sei porque mas neste momento, rastejando com o rosto ora na lama, ora no matagal, me veio à mente o por que um sargento operacional de Comunicações que tanto respeitamos e admiramos adorava correr devagar, na verdade era uma corrida acelerada mas de passos curtinhos... chamávamos de “passinho da mamãe grávida”... mas então, atrapalhando meu raciocínio e respondendo minha recente curiosidade, o Lucero sinaliza para seguirmos em pé no ritmo dele, “correr com os olhos no guia”. Qual não é a minha surpresa quando começamos a correr no famoso “passinho da mamãe grávida” que destruía nossos joelhos e tornozelos mas, enfim, mostrou a que veio e justificou anos de corrida nesse ritmo.
    Nem sentia mais meus pés e a dormência subia. Estava com o F.A.P. (fuzil automático pesado) e, logo... foi presenteado com mais munição, uma pistola, além de carregar o fuzil metralhador mais pesado dos 4 de nossa esquadra. O bipé que fica na parte da frente do meu F.A.P. Deu pra prender em todos os galhos do caminho e minha esquadra, por vezes, me deixava mais afastado como cerra-fila (o que vem por último e cuida a retaguarda). Cerra-fila... sabe aquela sensação de pânico de ser o último em um túnel do terror? Pois é, em um túnel do terror sabemos que, por mais medo que sintamos, nada de mal nos acontecerá já aqui...
    Seguimos e como a luz da lua melhora, vamos sinalizando, como nos treinamentos, os obstáculos à frente. Claro, toso sinalizam menos... exatamente. Marques. Barranco à frente! Por que o Marques avisaria um cara que estava preocupado com a segurança dele e de toda a patrulha que haveria um barranco á frente? Por que? Se ele pode muito bem ouvir o cerra-fila dar de cara na parede e... feito.     Cerra-fila se desmonta de cara na parede. Ruim? Não, amigo... péssimo pois nem xingar posso, silêncio absoluto. Mas, como tudo que está ruim sempre pode piorar... adivinhem? Nem precisa, eu conto: buraco à frente. O que acham, Marques avisa? Pois é... certa resposta. Só que desta vez o cerra-fila sumiu. A patrulha para. A esquadra se reúne e, em meio à escuridão procuram o cerra-fila. Não se pode dizer nada, nem mesmo sussurrar, sem luz de lanterna, rádio então nem pensar. Quatro soldados em uma esquadra e seguir adiante com um amenos é inviável, missão falha. Os ânimos se exaltam, o cerra-fila não dá sinal então os três se juntam e voltam tateando o hão. Descobrem um buraco e ouvem uma respiração.     Uma fraca e ofegante respiração. Lucero pensa em silenciamento e acha que o último soldado levou uma facada em uma emboscada e redobra a atenção no sentido oposto do cerra-fila caído. O Marques só pensa em encontrar o soldado e tirar sarro pois seu sexto sentido para piadas diz que não é nada sério. O Vinícius está -certamente- resmungando mentalmente, já que não pode abrir a boca. Ponto pro Marques.
    Marques, ao passar por um buraco de mais de um metro de extensão, não avisou o cerra-fila que, ao cuidar da retaguarda, mal olha pra frente. Resultado, o último soldado pisou onde não tinha chão, rodopiou e caiu de costas no chão. Reto. Famoso “tombo de paleta” e, de imediato, ficou sem ar. Marques chora de rir mas não dá um “piu”. A essa altura o Vinícius parou de praguejar mas... ok, segundos depois já se emburra novamente. Enquanto o Lucero olha o relógio, confere equipamento e armamento do cerra-fila que, ao contrário da vontade do marques, segue firme e forte (ok, nem tão firme nem tão forte... mas segue).
    Uns metros à frente avistamos uma luz de acampamento, lonas e a chuva aperta, atendendo aos nossos pedidos. Mais chuva, menos visibilidade. Pra nós mas, como não queríamos ser vistos e teríamos que invadir o acampamento de qualquer forma, que eles não nos vissem porque nós os veríamos de perto, de um jeito ou outro.
    Barracas. Temos poucos minutos pra deduzir e identificar o que cada barraca de lona tem.
    É nesse exato momento que um elemento sai de uma barraca grande e vai esvaziar a bexiga... viva... o frio nos ajudou pois certamente, graças a ele descobrimos que aquela barraca é o alojamento. Vinícius na ponta olha pro Lucero e todos nós pensamos o mesmo. O Lucero olha pro soldado mais próximo e só confirma com o olhar. Então o Vinícius desliza barranco abaixo, lama e tão somente lama, no escuro, quando chega ao final, nem se mexe. Fica estático só esperando o momento de silenciar o elemento... pronto. Foi só o cara dar as costas e está feito. Uma baixa inimiga. Menos um. Adiante.
    Entramos e o circo começa a pegar fogo!
    Só precisamos invadir a barraca do líder deles, pegar os documentos que acharmos, ver se estão armados e se, armados estiverem, que tipo de armamentos tem... fotos seriam um luxo que -sinceramente- não me interessa no momento. O que interessa é sairmos todos juntos com o que viemos buscar pois, depois de conseguir o que queremos, ainda tem o caminho de volta.
    Rastejando calmamente invadimos a barraca que cheira a suor, terra molhada, grama recém-cortada e então, enquanto pego os papéis que encontro, o Marques retira munição do armamento inimigo e o Lucero fica de guarda na entrada da barraca, com o Vinícius posicionado fora do circo todo, pronto pra detonar explosivos na direção contrária que nos encontramos, para que assim possamos fugir sem ninguém se ferir. Barraca após barraca seguimos e, quando passamos pela barraca que serve de rancho deles, o Marques faz menção de pegar uma lata de salsichas mas o Lucero o repreende no olhar. Apenas pelo olhar, quase que o Marques deixa a ração dele ali, como um assaltante que dá dinheiro à vítima, só pro Lucero não o olhar novamente daquele jeito.
    Pegamos a documentação, munição e ainda deu tempo do Vinícius trazer uma recordação, algo semelhante a um detonador mas que, não sabíamos ao certo o que era.
    Nos afastamos do local sem mais problemas e, quando encontramos a viatura, embarcamos com o alívio que só o dever cumprido (e bem cumprido) dá.
    Nos olhamos calados e nem precisamos dizer nada, estamos felizes por termos saído ilesos de lá, felizes por termos sido treinados juntos, selecionados para a missão juntos, cumprirmos o que nos foi mandado fazer e voltarmos juntos para nossa casa. Os muros da Cia.
Vinícius olha pra todos e começa a reclamar por comida, que está com fome, isso e aquilo então, pra nossa surpresa, o Lucero abre uma lata de salsicha em conserva e distribui a ração entre a esquadra... viva o senhor Oderich que nos proporcionou este momento de prazer ao devorarmos as salsichas que, um dia, ele teve a brilhante ideia de enlatar.
    Na fuga, o Vinícius joga o “detonador” pro Marques e, sem pensar duas vezes, ao mesmo tempo que pergunta o que é aquilo, aciona o detonador e um clarão surge à nossa retaguarda...
    Sim. Realmente era um detonador que, mais tarde, soubemos estar dentro do paiol de munição do acampamento.
    Bem, caso encontrássemos muita munição, a ordem era destruí-la.
    Não sabemos ao certo pra que eles usariam tanta munição mas o certo é que, mesmo sem querer, o Marques fechou a missão com chave de ouro.

    Valeu, Marques, agora sim... “missão cumprida”.





Gerson Pinheiro Ramos – 200200082013-ter 

(uma simples homenagem à Eterna 1ª Companhia de Guardas que será extinta por "homens" que pecaram por omissão e nunca serão "Homens", nunca apagarão o que tantos "Homens" fizeram ostentando  nosso braçal, alamar e nossa tradição!)

"Quem é de Guarda, sempre será de Guarda pois a Guarda morre... mas não se rende!"

sábado, 10 de agosto de 2013

"Feliz Dia dos Pais!" - Simples assim!


Por breves segundos, fechar os olhos e suspirar
me fez voltar no tempo e imaginar
como seria se meu pai estivesse presente
nos momentos de minha vida que mais preciso
e mais precisei dele.
O suspiro acabou mas os pensamentos ficaram
e as partes de mim, que hoje poderiam existir,
se partiram, ficaram pelo caminho,
se perderam no tempo, no vento, na vida.
Todavia tudo aconteceu por um motivo
nada é por acaso.
Algo sempre acontece e faz com que reflitamos
e nos possamos tornar pessoas diferentes.
Por vezes melhores, por vezes piores mas diferentes.
Não tenho contato com meu pai, não tenho raiva também.
Durante a vida nos perdemos.
Erramos.
Era pequeno quando ele se foi então cresci 
olhando a grande pessoa que é minha mãe.
Resumo: não sinto falta do meu pai mas não por raiva e simplesmente porque não tive tempo de guardar mais momentos nossos, não tive tempo de lembranças e, em contrapartida, tive e tenho uma mãe cheia de qualidades.
Tenho pai mas, atualmente, o domingo de “dia dos pais” pra mim, só faz lembrar o quanto minha mãe foi, é e será sempre importante pra me inspirar, me fazer querer mais, ser mais, pra poder fazer ela se orgulhar um pouco de mim.
Vinte quatro anos passando o domingo de dia dos pais sem meu pai pra abraçar.
Vinte e quatro anos sabendo que, se faltou pai em minha vida, sobrou uma mãe exemplar!
Pra quem é Pai de verdade, para os homens que -mais que colocar no mundo-
sabem o que significa o real significado da palavra Pai, deixo meu mais forte abraço,
meu aperto de mão firme olhando nos olhos e lhes digo, nobres amigos e cavalheiros:
-”Parabéns pelo dia dos pais, não por ser o segundo domingo de agosto
mas parabéns por tentarem fazer o seu melhor
em meio a um mundo de tanta loucura. Parabéns, amigos,
por serem referência e ensinarem seus filhos o que deve ser feito!
Parabéns por terem alguém pra abraçar,
olhar nos olhos e chamar de filho, de filha...
Parabéns, meus nobres amigos porque pai não é um título
que se conquista ao trazer uma vida ao mundo...
pai é um sentimento sem explicação, que não é desse mundo.
São apenas três letras mas não tem fim
pois imagino que um pai pense:
'Filho é um pedaço do meu corpo que vive fora de mim!'
Então, pra resumir, amigos...
Por ser um cara simples,
de gestos simples,
lhes digo apenas uma coisa:
“Feliz Dia dos Pais”
Simples assim....

terça-feira, 6 de agosto de 2013




"NEC MAJOR IN LAUDE NEC MINOR IN VITUPÉRIO"

     Nem maior no elogio nem menor na crítica. Outra tradução mais fiel e literal do latim poderia dizer que não somos nem maiores no louvor nem menores na culpa. Mas a ideia está estabelecida.
     Que saibamos e tenhamos esse discernimento de agirmos da mesma forma, seja sob elogio, seja sob crítica.
     Somos sempre alvos.
     Quase nunca nos damos conta que somos alvo. A todo instante nos olham e uma ou outra pessoa nos toma por alvo e, daquele momento em diante, seja por breves segundos, seja por uma vida, nos tornamos alvo. Podemos virar um simples passatempo, assim como podemos virar um modelo de vida a ser seguido.
     Hoje um ex-colega de quartel foi ao meu local de trabalho e, sem querer, nos encontramos. Quantas histórias e gargalhadas dos tempos de caserna. Normal, junte dois homens "normais" e eles conversam 30 minutos sobre futebol sem parar. Mas se juntar dois milicos eles falarão por um dia inteiro e darão risadas das coisas mais absurdas (pra quem ouve mas que fará todo sentido pros dois).
     Esse colega serviu de exemplo pois graças a ele aprendi a unir iniciativa, defender meu ponto de vista -mesmo no Exército e em uma tropa de Infantaria- sem nunca perder o bom humor, mesmo sob circunstâncias precárias ("Eu sei o que faço, pouca gente quer fazer. O frio, a fome e a sede são as glórias de vencer!").
     Certamente ele nem saiba disso; nem saiba que serviu de exemplo pra mim e, com certeza, pra tantos outros. Não tenho a pretensão de achar que eu servi de exemplo pra alguém, seja no quartel ou fora dele mas tenho certeza que sempre procurei fazer meu melhor me espelhando nos poucos bons exemplos que tive e ignorando os muitos péssimos exemplos que convivi.
     Hoje tenho meus diplomas na parede do quarto, elogios, um Cachorrão* no armário mas honestamente não tenho pretensão alguma de me achar melhor que ninguém por ter o que tenho, por conquistar o que conquistei pois sinto como uma obrigação, um dever que consegui cumprir. Estava lá e se quem faz o certo, por fim, recebe elogio,diploma, etc... que eu receba não pra ostentar, pra me achar melhor mas porque é o certo.
     Logo, NEC MAJOR IN LAUDE!
     As piores críticas que recebo na vida são as que ouço e tenho de ficar quieto porque sei que estou errado.
     Mas piores em termos pois são essas críticas que me fazem refletir e formam o cara que sou. Criticar plantando algo bom nas pessoas é um dom. Não é impôr uma vontade, pensamento ou forma de agir simplesmente porque é um ponto de vista. Se acredito estar fazendo algo certo e um amigo diz que estou errado, reflito, argumento, mudo ou sigo adiante.
     Mas só o fato de ser abordado e ter de defender meu jeito, atitude, minhas ações, somente o fato de argumentar me torna uma pessoa melhor, estando certo ou errado e, caso ache mesmo que estou errado é simples. Paro, reflito e mudo o rumo, a história.
     Mudo independente de derrota ou vitória.
     A vida é longa, passa rápido mas nascemos uma folha em branco e morreremos rabiscos... então, que eu rabisque do meu jeito mas ouça e aprenda com quem me oferecer uma borracha afinal...  NEC MINOR IN VITUPÉRIO.

(* Cachorrão - Símbolo dos Infantes de Guarda. Um troféu de valor inestimável a todos os Eternos Cachorrões da 1ª Companhia de Guardas)