Ontem eu entristeci. Entristeci de tal forma que meu corpo -
pela primeira vez na vida – doeu.
A tristeza tomou conta de um jeito jamais antes visto e nada
parecia fazer sentido, nem valer a pena.
O peito apertou, ficou pequeno, o sangue ferveu, meu corpo acusou
e a cabeça doeu.
Antes eu costumava correr quando ficava triste. Correr,
caminhar, escrever.
Mas ontem, a dor da tristeza foi tão grande que nada quis
fazer. Nada pude fazer.
Só ficar no meu canto e deixar doer.
Sabia que logo passaria, em horas, dias... mas passaria. Me
agarrei nesse pensamento, e como dizem os paraquedistas: agrupei e deixei
bater.
A tempestade dentro de mim foi forte, a cabeça ainda dói. Os
problemas atraem outros e tudo vem tirando o chão. As vai passar. Sempre passa.
De repente até piore um pouco mais, antes de sair um sol, na
minha vida gris, nublada.
Mas sei que, quando uma notícia boa eu tiver, muitas outras
virão. Sei que quando levantar a cabeça e me erguer do chão, firme irei buscar
minhas metas, pois logo ali elas estão.
Preciso de respostas para as dúvidas da minha vida.
Preciso, um ar puro, respirar.
Preciso – urgentemente – sorrir e mais, preciso – mais urgentemente
ainda – parar de, por dentro, chorar.
Tudo em mim parece que espedaçado está.
Nada em mim parece que irá resistir.
Mas eu, enquanto vivo estiver, sempre lutarei pra achar um
jeito, o melhor jeito, de me fazer bem.
Não almejo grandes coisas, sou simples, de corpo e mente.
Só desejo que o tempo passe... e tudo se ajeite.